Filtragem de cinza o cinza. Estratos, cúmulos, estalactites. Grandes camadas de merda a respeito de grandes camadas de merda, e desta maneira de criação em formação. Paris. Quanto tempo te temos amado ante as pontes onde nenhum tínhamos estado. Cai a iluminação em cinza, porção do cinza o cinza. Paris não tem existido, por ventura, nunca. Por todo caso, não existe hoje.
Seria inútil precisá-lo. Também hoje é coisa que tenha existência natural. Aqui não existe nada nem ao menos ninguém que o submerso rumor da merda dos séculos atravessada por exércitos de ratos. Há lugares onde a merda roda a pouco a queda da tarde.
St. Michel, Montparnasse. A Sena, conspícua mãe, perpétua e transitória, leva infatigablemente a cidade aos lombos, e nós com ela. O que excêntrico afeto foi convocado neste local do antigo pros mortais? A febre deixou lácio o corpo humano como depois de um duradouro orgasmoBajo as pontes que nos encontramos, a gente tem de distinguir, nós partido novamente.
Não, não é este o espaço. Fadiga. Agora sente-se a fadiga. Eu tenho dormido quarenta e oito horas, perante a disposição da febre. Talvez desde a infância, não tinha regressado a ter tanta febre nem tão profundo torpor. Voltei a notar o corpo, como por isso, com uma quase obrigada impressão de deslizamento.
Depois já estava, sem poder evitá-lo, pelas ruas de uma primavera brusca e desagradável, fria, cinza. Nenhum encontro era de fato possível nem ao menos crucial. Fadiga. Fadiga irremediável do outro. O outro aparece, desaparece, há sinais, volta a mostrar-se. O outro se dissolve a si mesmo no cinzento. É uma armadilha. Virá, visto que reaparece sempre, no instante direito do que homicídio. O outro sente, em suma, a amargura de sua indeterminação. O assassinato seria, pois, um dever moral.
Nous ne sommes pas se pleins de mal comme d’inanité. Febre. Deslizamento sem término ao que não tem acesso à desejo. Poderia nos tragar para o rio, a ria, a Sena maternal, como arrasta os afogados do outono sem os atinjam as longas pértigas dos salvadores tardios.
Febre. Combate tu com sucessivas imagens de si mesmo. Cada uma delas deseja em suma, combinar, fazer-te expressar: eu sou eu. Mas só você podes fazê-lo por pura convenção. A identidade não é mais do que uma mera convenção, o feito supérfluo relatar em falso diante cada uma das imagens de si: sou eu. Uma convenção em que acreditam achar subsistência infinidade de seres que não são. A dissolução da febre, a não imagem, o magma de imagens que devoram, visto que nenhuma é. Turbilhão de imagens em perpétua coabitação. A febre deixou lácio o organismo como depois de um prolongado orgasmo.
Voltar à superfície: E, todavia, nesta ocasião esse comentário foi nas ruas desta cidade conspícua que em nada fazes parte. Lugar de repetida ausência. Falta aflictivamente a luz não há claridade. Lembrou-Se do nome de Dido Elisa. A pira ardente, adiósEsta cidade é a lembrança de coisas escritas que de imediato eram uma lembrança de novas coisas escritas quando foram escritas a sua vez.
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Je fais ce que je peux, citou o agonizante distinto da rue de Varenne, insuficiente antes de expirar. Coroado de merda. A merda da história e da morte. A merda subterrânea nesta cidade escura e não existente. Paris, o quanto te temos amado.
Se, de algum modo, tivesse existido, teria feito menos possível o nosso carinho. Agora não dirás que não temos ido ao encontro, que não temos sido pasto de tua voracidade. Gare de Lyon, em o buffet antigo. Caixa de Billotte sobre a escada que desce para as vias representa a ponte Alexandre III e dos Palácios da Exposição de 1900, que lembram a São Marcos de Veneza. Deixa-me, visto que, deshojar por aqui uma rosa de estanho pra pagar o valor da falta. Eu não possuo o dom de lágrimas, pensei. O viajante derramou os sedimentos do café no pires branco. Os sinais eram evidentes. Não voltaria a oferecer aos deuses, se alegou, uma nova oportunidade.